1º de Maio na Era da IA: entre fitas rebobinadas e algoritmos

Hoje, 1º de Maio, ao celebrarmos o Dia do Trabalho, aproveito a data e a oportunidade para refletir sobre o complexo mundo do trabalho. Uma realidade marcada pelo apogeu da inteligência artificial, com suas glórias e seus temores.
Inicio analisando a minha própria experiência profissional. Volto no tempo e me vejo em uma ilha de edição de vídeo na TV, onde comecei minha carreira como jornalista, há mais de duas décadas. A memória resgata, após voltar de uma pauta na rua, o ato de colocar a fita Betacam no aparelho para rebobiná-la, para depois conseguir identificar os trechos que seriam aproveitados na reportagem. A edição era linear: primeiro gravávamos o off (locução da reportagem), fazendo o esqueleto do material, para depois “cobrirmos” com as imagens.
Deixando o romantismo de lado por ora (nós, um pouco mais “antigos”, somos naturalmente românticos - mas isso renderia reflexões e um outro texto), é inegável que a inteligência artificial veio para ficar, e que todos nós, se ainda não a utilizamos no trabalho, deveríamos utilizá-la.
A discussão sobre IA e trabalho muitas vezes vem acompanhada de um certo receio, alimentado por notícias e especulações sobre a "substituição" de humanos por máquinas. E, sim, a automação é uma realidade que vai impactar tarefas repetitivas e baseadas em regras. Mas, vindo de alguém que lida com IA aplicada a negócios diariamente, vejo um panorama muito mais complexo, dinâmico e, sinceramente, promissor.
A IA não veio para substituir o trabalhador em sua essência humana, mas sim para transformar a natureza do trabalho. Ela é uma ferramenta poderosa, um copiloto incrivelmente eficiente, capaz de processar volumes gigantescos de dados, identificar padrões e executar tarefas em velocidades que simplesmente não conseguimos. Pense na IA como aquele assistente que cuida de tudo o que é chato e repetitivo, liberando você para o que realmente importa e agrega valor.
Nesse cenário, o que se torna indispensável? As habilidades genuinamente humanas - aquelas que nenhuma máquina, por mais avançada que seja, pode replicar em sua totalidade. Falo de criatividade, pensamento crítico, empatia, capacidade de resolver problemas complexos, liderança, negociação e, fundamentalmente, a habilidade de usar a IA de forma estratégica e ética.
Ao escrever este texto e ao realizar tantas tarefas do meu dia a dia de trabalho com a janela da IA generativa aberta (já uma amiga íntima), não canso de delegar a ela tarefas das mais diversas naturezas, como sugestões para produções e correções textuais, análises de dados, brainstorms etc. Isso sem contar as dezenas de outras IAs utilizadas para, por exemplo, criar imagens, atas de reuniões e análises de mercado.
E mais: sem falar da “verdadeira” IA - aquela na qual os meus colegas de startup põem a mão na massa, escrevendo linhas e mais linhas de código, desenvolvendo as melhores soluções personalizadas para os nossos clientes.
Neste 1º de Maio, mais do que temer a mudança, convido a todos a abraçá-la com curiosidade e proatividade. O trabalho do presente e do futuro não é menos humano; ele exige que sejamos mais humanos, potencializados pela tecnologia. Que possamos construir um mundo do trabalho onde a inteligência artificial amplifique nosso potencial - e não o contrário.
Da minha parte, enfim, sigo com aquela mesma determinação e tenacidade da época em que rebobinava fitas Betacam. Agora, no entanto, com uma nova parceira ao lado: a inteligência artificial, pronta para impulsionar, não substituir, o que temos de mais valioso - nossa capacidade humana de imaginar, criar e transformar.
Feliz Dia do Trabalho!